sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Report *Campeão* PTQ Kamigawa: Neon Dynasty

Por Leandro "Stalker"

Mais de uma década sem posts nesse blog. Como as coisas mudaram. Essa era a cara da nossa web em 2010, sem design responsivo já que a adoção de smartphones ainda estava engatinhando. Se você estiver lendo isso do celular, recomendo deixa-lo na horizontal.

Em homenagem à este blog que eu e o Thorgrim criamos em 2008, nada mais poético que publicar o report do PTQ aqui. Bem vindo a esse túnel do tempo, e aproveite a história dessa jornada, que começou há muitos e muitos anos atrás.

Intro

Um pouco sobre mim. Comecei no magic bem cedo, em 1995, aprendendo a jogar através de um manual minúsculo que vinha nos starter decks, e incontáveis horas jogando Shandalar, mas foi só em 2006, já com 21 anos nas costas que eu tive a oportunidade de conhecer o lado competitivo do jogo, com os campeonatos de loja (FNM), PTQs e os saudosos Regionais. Foi uma época que dá muitas saudades, pois tive a oportunidade de fazer amizades que duram até hoje, e viagens inesquecíveis pelo interior de São Paulo, e GPs na América Latina (Buenos Aires, Santiago). Muitas dessas histórias estão imortalizadas aqui no blog, e outras ficam só na nossa cabeça, sendo lembradas nas mesas de bar (outra coisa que parece que vai ficar na memória também, com essa pandemia que não tem prazo para acabar).

Porém, o ano de 2009, foi um fim de ciclo para mim e o início de uma fase de mais responsabilidade. Eu tinha acabado de me formar em engenharia, o Brasil e o mundo estavam em mais uma crise, e acabei aceitando uma oferta de emprego, onde fui morar numa cidade no interior do Amazonas. Foram quase 4 anos morando no Norte do Brasil e praticamente sem jogar ou acompanhar as notícias de magic. Joguei alguns GPs em SP no período, mas sem preparação alguma, apenas uma desculpa para viajar e rever velhos amigos. Voltei para SP no começo de 2013, me casei em 2014, tive uma filha em 2018 e finalmente voltei para o magic no começo de 2020. Uma amiga do trabalho me convidou para jogar o pre-release de Theros. Eu fui, ela não foi, e mesmo assim foi divertido. Pude reencontrar o Fox na Academia de Jogos e lá ele já me deu aquela ducha de água fria sobre o que o ambiente competitivo do magic havia se tornado. Foi lá também que fiquei sabendo do Arena. Obviamente que chegando em casa, instalei o programa e estava declarado o meu retorno ao grind diário do magic.

Uma das primeiras pessoas que eu contatei nesse retorno foi o Sandoiche e foi uma grata surpresa. A gente se conheceu por volta de 2006-2007 e na época ele era um adolescente que vinha da baixada santista para jogar PTQs em SP e mantínhamos contato por um canal do mIRC, que contava também com outras pessoas ilustres como o Shooter, Paulo TTE, Thorgim, Bertu, um tal de PV e um rapazinho chamado Lucas Caparroz dando seus primeiro passos no magic. Digo que foi uma grata surpresa esse reencontro com o Sandoiche, pela pessoa que ele havia se tornado. Um escritor de artigos da Ligamagic, o principal streamer de Magic no Brasil e também assumindo as responsabilidades de ter uma família e a de ser pai.

Outra pessoa que fiquei feliz de contatar foi o Rastaf, que conheci também adolescente, com seus 16-17 anos. O wikipedia deveria ter uma foto dele quando alguém procurasse por "jogador de magic competitivo". Eu presenciei a jornada e frustrações até ele ganhar seu primeiro PTQ. Foram tantos "quase", que eu acredito que fortaleceram a mentalidade dele e que ecoam até hoje. Nada mais justo de saber que depois de 10 anos (do tempo que eu parei até o retorno), o Rastaf já havia jogados dezenas de Pro Tours e estabelecido sua imagem no cenário mundial de magic.

Nesse retorno também tive um reencontro com o pessoal da velha guarda do magic. Binho, Naka, Boi e o Sergio Longo. Saber que eles estavam jogando Arena também ajuda a manter você empolgado. Apesar do distanciamento físico dos últimos anos, ter um grupo de apoio para trocar ideia, treinar e torcer nos torneios ajuda a manter a moral em alta, mesmo quando cada um passa por momentos de baixa de tempos em tempos.

E porque contar sobre tudo isso, ao invés de ir direto para o report do torneio? Bom, antes de mais nada, o contexto e principalmente a jornada são mais importantes do que o resultado de um torneio. Sim, jogar um Pro Tour é algo que eu sonho desde 2006. Foram 16 anos até que isso se realizasse, e com preparação e um pouco de sorte, esse dia finalmente chegou, então hora de compartilhar um pouco dessa história com vocês.

Preparação

Uma coisa interessante e que muda bastante quando você é solteiro para quando se é casado, é que o fim de semana é o momento da família. Você não pode simplesmente falar "vou jogar um PTQ e ficar o dia inteiro ocupado". Por isso cada oportunidade de jogar um PTQ tem que ser planejada com muita antecedência e evitar stress desnecessário em casa. O combinado não sai caro. Isso também implica que não da para sair jogando campeonato todo fim de semana. Eu adoraria ter jogado os campeonatos da Red Bull e da HG, mas meu foco sempre foram os PTQs, então eram esses que eu priorizava no calendário. Aqui em casa o equilíbrio se estabeleceu em 1-2 eventos por mês, o que torna as chances de ganhar um evento ainda mais difíceis. Uma vez que o Hooglandia Open foi anunciado e que o campeão ganharia uma vaga para o Kamigawa Set Championship, fui logo fazer a minha inscrição e lockar o calendário da família.

 Com isso feito, o próximo passo foi escolher o deck.

De todos os formatos do Arena, Historic deve ser o que eu tenho mais experiência, por ser um formato com uma grande variedade de decks, e onde eu acho que é possível ter uma winrate maior do que no standard, pois ter bons planos de sideboard para as principais matches é uma das maiores habilidades que você tem que desenvolver para ter sucesso nesse formato. Standard muitas vezes parece que quem está na play leva uma vantagem enorme.

Por muitos e muitos meses meu deck favorito no Historic foi o GW Company, com Lovestruck Beast, Henge, Ooze, Archon of Emeria entre outros. Facilmente pegava Top100 na Ladder do Arena com esse deck, mas desde o lançamento do Alchemy e o nerf no Luminarch Aspirant o deck deu uma piorada na performance e era hora de trocar de deck. Nesse momento fui falar com o Simon Nielsen. Perguntei se ele ainda achava o GW Heliod que ele usou no Innistrad Championship ainda era bom, e ele respondeu que o Heliod ou BG Food seriam boas opções para um torneio.

Joguei algumas partidas com o BG Food, e logo descartei o deck, por alguns motivos. A mirror match é um pesadelo, e o deck já tava bem no radar, ou seja, todos os oponente estariam preparados para enfrentar o infame cat/oven. Jogar um campeonato longo com um deck que usa muito do clock é sempre um risco, e minha experiência me ensina que após a 4-5 rodada, você começa a cometer erros por causa dessa fadiga mental e para esse PTQ, eu não queria correr esse risco.

O Simon tinha acabado de publicar todos os jogos dele do Innistrad Championship no youtube, com comentários muito bons e um plano de sideboard para o GW Heliod. Eu não queria inventar a roda, e acho que o mais importante nesse momento é utilizar todo o conhecimento que ele já tinha sobre o deck, aplicar mais algumas horas de treino para tunar a lista e validar os planos de sideboard.

De cara eu gostei do deck. Muito consistente. Com um bom plano A (Agressão com os drops 2), e um bom plano B, o combo de esquilos. Isso torna o deck resiliente, pois o oponente precisa ter respostas para esses dois planos de jogo. Além disso, pós-sb a vantagem fica ainda maior, pois você consegue trazer as ferramentas que impedem seu oponente de impedir seu plano A/B. Os resultados nos treinos estavam promissores, não que isso seja muito relevante. O maior importante nesse momento era jogar várias partidas e praticar algumas mecânicas do deck, como colocar marcador no Oak com 2 Soul Wardens na mesa, e saber lidar com a interface e limitações do Arena.

Uma coisa muito importante que o Simon descobriu e que eu tive que aprender a fazer é resetar o Arena depois de combar. Explicando mais em detalhes: Quando você comba e tem uma Trelassara na mesa, ou duas fontes de ganho de vida (Soul Warden, Ajani Welcome), a stack de triggers do Arena chega a ter centenas de habilidades. Quando o seu relógio acaba, o arena começa a resolver elas automaticamente. O problema é que isso toma muito tempo (resolver a animação de cada trigger), e você acaba perdendo a partida por inatividade.

Para contornar isso, a solução é fechar e abrir o Arena, pois quando você entra no jogo, todas os triggers já estarão resolvidas. O mais incrível sobre isso é que o oponente também precisa fechar e abrir o Arena, senão ele é que irá ficar inativo e perder a partida. Nos treinos isso aconteceu pelo menos umas 3 vezes e os oponentes perderam a partida por inatividade.

No final, eu estava 39-9 com o arquétipo (81% de winrate) e 22-3 (88% de winrate) com a ultima versão da lista e as mesmas 75 cartas que eu registraria para o PTQ. De todos os torneios que eu já joguei, esse sem dúvida era o deck mais forte e bem posicionado no meta que eu já tive.

Os decks que eu não gostaria de enfrentar eram os de Hushbringer e outros hate-bears que atrapalham bastante o plano A e B do deck, e também Ugin, umas das poucas cartas capaz de lidar com Heliod e toda a minha mesa após combar. O deck de Enchantress era outro deck complicado, pois tem as ferramentas para lidar com as minhas cartas chaves.

Um outro deck que vale a pena comentar, e que estava bastante no hype nas vésperas do torneio era o Bant Blink. Eu não tinha muito receio dessa match. Não que seja um match fácil, mas sim porque é um match que o combo de esquilos resolve a partida, independente de quanto valor com os blinks o deck consiga gerar. Portanto o duelo de Heliod vs Skyclave é o que importa nessa match.

O Torneio

A estrutura do torneio era double elimination, ou seja, 2 derrotas e adios. Curiosamente, a primeira vez que eu ouvi falar sobre campeonato double-elimination foi no filme nesse filme do Stallone: Falcão Garrafinha de água para manter o cérebro hidratado, boné para trás e bora pros duelos.

Essa foi a lista que eu registrei: GW Twin

Sideboard:

Um breve comentário sobre as escolhas de sideboard

  • 2 Declaration in Stone - Phoenix, Serra, Korvold. Em geral, criaturas incovenientes.
  • 2 Dromoka's Command - vs Mirror, pois é uma maneira de lidar com Heliod
  • 2 Skyclave Apparition - Boa carta contra matches de criatura. Substituto natural do Ranger-Captain
  • 2 Ajani, Strength of the Pride - No Mirror e contra Control.
  • 2 Thalia, Guardian of Thraben - vs Phoenix e Control. Melhor quando se está na play
  • 1 Yasharn, Implacable Earth - vs decks de Sacrificio/Citadel
  • 1 Rest in Peace - vs grave
  • 1 Giant Killer // Chop Down - Bom one-of para pegar com Ranger-Captain
  • 1 Gideon Blackblade - vs Control
  • 1 Cleansing Nova - vs Affinity e Enchantress, podendo ser usada na draw vs decks muito aggro.

Round 1: BG Food

Deck List

Video 

Oponente tinha Thoughtseize e Necromentia no sideboard para quebrar o combo de esquilos. Em compensação, não havia mais spot removals, além dos 3 Fatal Push, 1 Bone Shard e 2 Mortality Spear do main deck.

G1 foi um jogo em que eu perdi o quarto land drop por alguns turnos, mas pelo menos as duas Skyclave apareceram para lidar com um forno e um Revanous Squirrel. Ao finalmente comprar a quarta land para a company, o oponente expôs o Lurrus no ataque. Na company vieram 1 Trelassara, 1 Ranger-Captain e 1 Soul Warden. Com um Ajani Welcome na mesa e um Oak na mão, a Trelassara era óbvia para usar o Scry e tentar achar logo o Heliod. Optei pela Soul Warden ao invés do Ranger-Captain, para ter scryes adicionais. Na sequencia o oponente deixou todas as habilidades da Trelassara resolverem, ao invés de usar o Mortality Spear com o ganho de vida na pilha. 3 cartas foram para o fundo, e no topo estava outra Company. No turno seguinte o ataque com Lurrus foi feito novamente, a Company achou duas Trelassaras, e dessa vez não havia remoção e o Lurrus foi para o cemitério. O mais importante foi que o Heliod estava no topo do deck. 2 turnos depois consegui fechar o combo e levar o G1.

No G2, houve uma decisão importante entre fazer o Heliod recém comprado ou a Company. Optei por fazer o Heliod, por ser uma carta chave nesse match, pois é muito dificil do BG tirar ele da mesa, e eu corria o risco de tomar um Thoughtseize ou Necromentia. Usei a Declaration in Stone para lidar com o Ravenous Squirrel, e acabei menosprezando o poder de ganso com oven e trails. Em questão de 2 turnos, minha vida foi de 16 para 0 e eu morri sem a chance de castar a minha Company.

G3 keepei uma mão com 2 Voice e 2 Heliod na play. Seize tirou o primeiro voice da mão e um fatal push lidou com que entrou na mesa. Fiz o Heliod no T3, e comprei meu 1-of Yasharn que travou todo o desenvolvimento do BG Food. Alguns turnos depois, respondi ao Mortality Spear no Yasharn com uma Company, que fechou o combo e a partida.

Resultado: 2-1

Sideboard: +2 Declaration in Stone, +1 Yasharn, +2 Skyclave Apparition, -2 Ranger-Captain, -1 Selfless Savior, -1 Voice, -1 Lunarch

Round 2: MonoR Control

Deck List

Video 

Enfrentar um deck fora do radar e que ainda tem uma carta que você não quer ver do outro lado (Ugin), sempre traz uma emoção a mais para a partida.

G1, o deck fez o melhor saindo na draw. T3 Heliod (com Oak na mão), T4 Company que achou um Ranger-Captain e uma Trelassara. A Trelassara toma a remoção (mas o oponente fica full tapped) e o Captain busca a Sould Warden para fechar o combo. Ainda compro uma Sould Warden #2, que me permite combar a atacar para letal no mesmo turno, mas isso era irrelevante, pois eu poderia simplesmente combar no meu turno, sacrificar o captain na upkeep do oponente, e atacar para letal no turno seguinte. Não fiz alterações no sideboard para o G2. Thalia seria uma boa carta, mas gosto dela mais no play do que quando estou na draw.

G2: Oponente mulliga para 5, e faz um Ugin no T5 que eu simplesmente não tenho como responder.

G3, trago as 2 Thalias para o deck. Mulligo para 6, perco meu 3 land drop enquanto o oponente acelera o jogo com uma mind stone, Chandra, Dressed to Kill e a Awakened Inferno.

No meu turno eu tenho 2 opções, Combar com o Oak ou passar para fazer a company no passe. A vantagem de combar no meu turno é que eu aproveito que o oponenente está full tapped, e o oak não corre risco de tomar remoção. A desvantagem é que um Ugin na volta é praticamente gg. No entanto, a opção pela company também é problemática, pois um Ugin continuaria limpando a minha mesa, e no máximo eu teria duas criaturas 2/2 na mesa, contra uma board com 2 Chandras e 1 Ugin, além de correr o risco de tomar remoção no Oak. Em qualquer cenário eu não ganharia de Ugin, portanto optei por combar no meu turno. Por sorte o Ugin não veio, a Chandra limpou os token e eu fiquei com um Oak gigante na mesa. Após alguns turnos do oponente dando chump block no Oak com as man-lands consegui bater para letal e levar a partida.

G3: Sideboard: +2 Thalia, -1 Selfless Savior, -1 Skyclave Apparition

Resultado 2-1

Foram só 2 rounds, mas 2 matches duríssimos (2-1 e 2-1). E o dia só estava começando.

Round 3: BG Food

Deck List

Video 

Lembram que eu falei que Necromentia era uma carta que quebrava o combo. Meu oponente nesse round tinha 1 no main deck. Por sorte eu estava na play, e estava bem seguro que conseguiria fazer meu Heliod no T3. Porém o oponente tinha outros planos. Um Shambling Ghast no T1, e uma Phyrexian Tower no T2, lhe permitiram castar a Necromentia, e lá se foram todos os meus Heliods para o exilio. De consolação, eu ganhei um token 2/2. As duas companies da mão teriam que fazer trabalho dobrado agora, achando Voices e Trelassara's. A segunda company achou outra Voice que bateu 15/15 em seguida e selou a partida.

G2, consegui fazer o Heliod no T3 sem empecilhos, e com 1 Oak na mão. Só estava faltando a fonte de ganhar vida para fechar o combo agora. Enquanto ela não vinha, as Skyclaves foram me ganhando tempo removendo os Ravenous Squirrels. Após um ataque, o oponente ficou full tapped para fazer um token de food, e isso abriu a porta para eu resolver o Oak e combar para fechar a partida.

 

Sideboard: +2 Declaration in Stone, +2 Skyclave Apparition, +1 Yasharn, -1 Lunarch, -1 Selfless Savior, -1 Trelassara, -2 Ranger-Captain

Resultado 2-0

Round 4: Abzan Humans

 Deck List

 Video

Você sabe que está indo bem no torneio quando te chamam para a área de feature match. Estando 3-0, era a hora de enfrentar oponentes cada vez mais difíceis e que também estavam tendo um dia bom.

O match contra GW Humans é um dos mais favoráveis para o GW Heliod, porém eu nunca havia jogado contra Abzan Humans, e teria que ter cuidados com a Skyclave Apparition e Dire Tactics, além de muita atenção na hora de expor meu Heliod. Vocês podem ver isso no G1, quando eu resolvo fazer o Ranger-Captain após o ataque, usando o Lunarch de isca para o Dire Tactics. Mesmo perdendo 2 Heliods nos turnos seguintes, o seu trabalho estava feito, pumpado um Lunarch 6/6 e um Ranger-Captain 5/5 que garantiram a vitória.

No G2, minha Soul Warden tomou fatal push e optei por fazer primeiro a Voice, por ser a criatura menos relevante. Trelassara me geraria mais valor pelos scryes. Fiz a troca da Voice pelo tenente pois não tinha como ganhar vida nos próximos turnos e o tenente cresceria a ponto de me colocar num clock incomodo. O abzan fez o que tinha de melhor ao tirar o Heliod da minha mão com o Spellbinder e descartar minha company com o Thoughtseize. Ai é o momento de se refazer os planos. Não quis fazer o Heliod na primeira oportunidade para não expo-lo a uma Skyclave sem gerar valor nenhum. Estavamos numa race, e imagine que um ataque com lifelink me colocaria em vantagem. Isso não se concretizou, pois duas remoções limparam a minha mesa e o Spellbinder finalizou o serviço, ganhando a race para o oponente.

Sideboard: +2 Skyclave, +1 Ajani, Strenght of the Pride, +1 Cleansing Nova, -1 Lunarch, -1 Selfless, -2 Ranger-Captain

Para o G3, faço uma pequena alteração, tirando uma Cleansing Nova e colocando um Dromoka para tentar ser um pouco mais proativo na partida, principalmente pelo fato de estar na play agora.

Sideboard: +1 Dromoka, -1 Cleansing Nova

Comecei a partida muito bem, apesar do Thoughtseize na Company. Tendo um Ajani Welcome na mesa, 2 Voices e 1 Trelassara colocaram muita pressão desde o inicio do jogo. Eu ainda tinha o plano B de combo com Oak na mão mas nem foi necessário e a partida acabou rapidamente.

Resultado 2-1

Round 5: BG Food

Deck List

Video

G1 foi uma partida atípica, pois eu estava na play, com Ajani Welcome e Trelassara, e não consegui passar da segunda land, mesmo com o scry. Isso deu tempo do Ravenous Squirrel ficar gigante do outro lado e me matar em poucos turnos.

No G2 o deck me recompensou, e com duas companies, consegui fechar o jogo rapidamente no T5.

G3, vim com uma mão muito boa. Tanto com o plano A (1 Voice e 1 Trelassara), quanto o plano B (Heliod+Oak). Arrisquei o combo que tomou a remoção instantaneamente, e sem dúvida essa foi a partida que ter 4 Ajani Welcome no deck fez a diferença, pois mesmo floodado, consegui fechar a partida via 3 Ajani Welcome, 1 Heliod e um Castelo. Alguns turnos depois veio outro Oak, que castei com o oponente full-tapped dessa vez, e mais uma vitória estava garantida.

Sideboard: +2 Declaration in Stone, +2 Skyclave Apparition, +1 Yasharn, -1 Lunarch, -1 Selfless Savior, -1 Trelassara, -2 Ranger-Captain

Resultado 2-1

Round 6: Tainted Pact

Deck List

Video 

O que dizer dessa match? Dois decks de combo, onde o meu era 1-2 turnos mais rápido, porém o deck de Tainted Pact tinha interações que atrapalham esses planos.

No G1, consegui estabelecer minha board, precisando apenas acertar um Heliod na company para ganhar o jogo, porém a company não achou o Deus. Apesar da pressão, o Tainted Pact fechou o jogo no turno 6.

G2 não tive muito o que fazer, ele lidou com a minha Thalia, fez Tainted Pact no T4 e fechou o jogo no T5. Minha invencibilidade estava quebrada, e agora não havia mais continues. Era só vencer e vencer pelo resto do dia. Agora em todo round eu torcia para alguém derrotar esse deck, pois seria muito difícil ganhar o PTQ com esse deck vivo por ai.

Sideboard: +2 Thalia, +1 Gideon, -1 Lunarch, -2 Skyclave

Resultado 0-2

Round 7: Bye

Pela natureza do torneio ser double elimination, fui agraciado com esse Bye, que veio num momento oportuno, dando a oportunidade de esfriar a cabeça e descansar um pouco até o próximo round.

Round 8: Izzet Phoenix

Deck List

Video 

G1: 2 Ajani Welcome com Heliod e os drops2 garantiram a pressão necessária para levar a partida e não se incomodar com um Drake que ficava enorme a cada turno.

G2: Parecia uma partida bem favorável, porém alguns bounces e 2 Drakes me colocaram contra a parede. Ainda arrisquei uma company que tomou Spell Pierce e isso selou a partida.

Mais um G3, pelo menos na play agora.

Uma jogada para se discutir foi essa:

 

Fazer uma Thalia antes de atacar com a Trelassara que estava 4/4. Com duas manas eu corria o risco de perder a Trelassara para um chump block da DRC + Abrade. Fiz a Thalia, e tomei um bounce em resposta na Trelassara, o que não foi de tudo ruim, pois agora a Thalia atrasaria bem os próximos turnos do oponente.

Aqui cometi um erro ao não fazer o Ajani Welcome neste turno, e fiquei com o Giant Killer aberto para remover um futuro Drake. O Drake veio, porém estava 3/4, fora do alcance do killer. 

Com 4 de vida, comprei a company que salvou o meu campeonato.

Ainda corria o risco de perder caso ele compra-se outro Brazen ou Unholy Heat, só havia mais um land no topo dele e eu ganhei a partida

Sideboard: +1 Giant Killer, +1 Declaration in Stone, +1 Rest in Peace, +2 Thalia, -1 Lunarch, -3 Scurry Oak

Resultado 2-1

Round 9: Izzet Phoenix

Deck List

Infelizmente essa é a única partida que não tenho o video, então tenho que reconta-la da minha memória.

Nesse momento restavam apenas 6 jogadores no torneio. Haviam 2 Phoenix, 1 Tainted Pact, 1 BG Food e 1 Azorius Control). O único invicto até o momento era o Tainted Pact. Fui pareado contra um deck de Phoenix novamente, e a grande diferença em relação à rodada anterior era que esse deck tinha menos Crackling Drake, e um misto de Sprite Dragon, Drake, Demilich e Pyromancer, além do básico 4 Phoenix, 4 DRC.

Primeira partida foi meio desanimadora, pois estava no play e não consegui comprar o land #3 por vários turnos e tive uma morte rápida.

Na segunda partida o deck rodou bem, consegui impor pressão no inicio da partida com uma Voice of the Blessed que cresceu rapidamente. O oponente até chegou a colocar duas Phoenix na mesa, em modo de defesa, mas um Declaration in Stone liberou o caminho para atacar para a vitória.

E chegamos ao G3. Lembrando que o plano de sideboard contra Phoenix é de dar side-out nos Oak, e focar no plano A (agressão). Nesse jogo a Thalia entrou muito bem, atrasando bastante o jogo do oponente. Uma Voice e um Heliod ativo na mesa, graças ao Ajani Welcome colocaram muita pressão, mesmo com um Grim Lavamancer do outro lado. A pressão foi bastante, a ponto do Phoenix não conseguir desativar a devotion, o que fez Heliod bater por 2 turnos seguidos e me levar à vitória.

Sideboard: +2 Declaration in Stone, +1 Rest in Peace, +2 Thalia, -1 Lunarch, -3 Scurry Oak

Resultado 2-1

E lá estava eu mais uma vez num top4 de PTQ. A outra vez que isso havia acontecido foi em 2008, durante o GP Buenos Aires. Como eu não havia feita day2, fui jogar o PTQ no dia seguinte, formato bloco construído de Lorwyn. Deck de Fadas, com Bitterblossom, Comando Críptico.. que deck gostoso de jogar. No top4 daquele ano perdi para outro Brasileiro, o Elton Fior, que acabou ganhando o evento e a vaga para o PT Berlim.

Era hora de subir mais um degrau, mas para isso eu teria que vencer o deck de Tainted Pact que havia me destruído no round 6. A boa notícia é que o Tainted Pact havia perdido no round anterior, o que significava que não havia mais invictos no torneio. A partir de agora era tudo single elimination.

Top 4: Tainted Pact

Deck List

Video

Apesar de estar na draw, eu tinha uma mão boa, com Soul Warden e Trelassara. Uma decisão importante aconteceu no T3, onde fica a pergunta se eu deveria exilar ou não a Narset com Skyclave. Eu opto por exilar, pois nesse deck de Tainted Pact, cada ativação da Narset é muito forte, e ao mesmo tempo eu preciso encerrar a partida o mais rápido possível, portanto não poderia desperdiçar um ataque da Trelassara atacando a Narset. Mesmo que eu tomasse uma remoção na Skyclave no futuro, isso também atrasaria o combo do Tainted pact. No turno seguinte a company achou um Heliod e isso foi o suficiente para fechar a partida antes do Tainted resolver. Nada mal para um jogo que você está na draw.

G2, fiz o mesmo sideboard que havia feito no round 6, com Thalia e Gideon, praticamente as únicas cartas no meu sideboard que eram relevantes nessa partida. Fazer o Gideon no T3 foi fundamental nessa partida, pois me dava o clock e pressão para fechar o jogo o mais rápido possível. No Turno 4, optei por fazer o Ranger-Captain ao invés da Company, pois isso me abria a possibilidade de arriscar uma company no turno seguinte e fechar o combo. Um gancho em resposta eliminou essa possibilidade, e me deu duas opções no turno 5. Passar e fazer a Company no passe, ou descarregar o Ajani Welcome, Lunarch e Voice da Mão. Optei por descarregar a mão, pois seria desastroso fazer a Company no passe, e tomar um counter/gust. Dessa maneira eu teria uma mesa forte, podendo ameaçar letal no turno seguinte. Obviamente que isso seria ruim caso eu tomasse um sweeper na volta, mas existem certas cartas que você simplesmente não pode jogar em volta.

O plano deu certo, o que acabou forçando o deck de Tainted Pact a procurar o combo desesperadamente. Ele não achou todas as peças e consegui ganhar o game e partida.

Sideboard: +2 Thalia, +1 Gideon, -1 Lunarch, -2 Skyclave

Resultado 2-0

O sonho estava ali na frente, só mais uma partida me separando do convite para jogar o próximo Set Championship. As boas notícias foram que o BG food ganhou da Phoenix no outro top4, e eu já havia vencido 3 BG Food ao longo do dia, inclusive o oponente da final. Obviamente a variância existe e numa final tudo pode acontecer. A matchup era favorável sem dúvida, mas o jogo só acaba quando termina.

Final: BG Food

Deck List

Video

Foram duas partidas rápidas que vocês podem acompanhar na coverage do evento. No G1 mulliguei para uma mão muito boa de 6 cartas, com as 3 peças do combo na mão. Fiquei decidindo se colocava a Company ou o Ajani Welcome #2 no fundo. Imaginei que o jogo poderia se prolongar um pouco e que a company seria um plano de backup, caso o Oak tomasse uma remoção. Ficar com a Ajani #2 era mais ambicioso, para garantir um combo que que ignora-se o gancho.

No turno chave em que eu combei, alguns podem achar que eu cometi um erro ao fazer Voice+Oak ao invés de Soul Warden + Oak. A explicação para isso tem um pouco haver com minha confiança no Arena e na minha internet. Ambas opções ganhavam o jogo. Fazendo a Voice+Oak eu teria uma criatura enorme com vigilancia, indestrutivel e recebendo o lifelink do Heliod, não ganhava o jogo na hora, mas tornava impossível de perde-lo. Soul Warden+Oak me permitia criar um monte de token de esquilos, colocar marcadores suficientes em cada um deles para não morrer para um gancho e bater letal na volta. Optei pela opção que gerava menos cliques e tomava menos tempo. Meu oponente concordou, concedendo rapidamente o game.

G2, keepei uma mão de 7 razoável com 3 lands e 1 Company, além de 1 Declarion in Stone e 1 Skyclave apparition, que me dava tranquilidade de não ser rushado por Ravenous Squirrel. No turno 2 meu oponente fez um Thoughtseize e tirou minha company. Era uma escolha difícil, pois Trelassara mais o Ajani Welcome na mesa me dariam muita vantagem para manipular o topo do meu deck e achar as cartas que eu precisava. No meu turno 3 fiz um Skyclave muito mais pelo fato do scry do que pela remoção da ganso. Na sequencia comprei um Heliod e quando o scry mostrou que um Oak estava no topo abri aquele sorriso. Hoje não escapava, a vitória estava ali na frente. Fiz a Declaration in Stone para garantir que o oponente ficaria full tapped (caso contrário um sac de food mais fatal push matariam meu Oak). Como esperado, ele ficou full tapped para comprar carta com o esquilo e a partir dai o caminho estava livre para a vitória.

Sideboard: +2 Declaration in Stone, +2 Skyclave Apparition, +1 Yasharn, -1 Lunarch, -1 Selfless Savior, -1 Trelassara, -2 Ranger-Captain

Resultado 2-0

Conclusão:

É isso, a jornada foi longa e o dia inesquecível. Uma sensação engraçada. A partida acabou por volta as 23hs da noite e eu praticamente não consegui dormir devido a toda adrenalina circulando no meu corpo, repassando cada partida na minha cabeça. Nos dias seguintes a ficha ainda não havia caído. Fiquei até chateado, pois me dei conta que eu não poderia acompanhar o coverage do championship pois estaria jogando o evento.

Enfim, depois de tantos meses jogando arena diariamente estou há dias sem abrir o Arena para jogar uma partida. Não tenho mais qualifiers ou ladder para jogar, nem o formato e a data que acontecerá o Kamigawa Championship. Em compensação, escrever esse report e rever minhas partidas me ajudam a refletir e identificar que ainda há muito o que melhorar nesse jogo. Não basta só jogar bem, mas isso também ajuda a quebrar o mito de que para ganhar um torneio você não pode errar. Cometi vários erros ao longo do dia, e por sorte eles não me custaram uma partida e encerraram meu torneio de forma precoce.

Agradecimentos ao Jeff Hoogland por todo o trabalho que ele realiza na comunidade de magic e por essa conquista de finalmente poder premiar seus torneios com um invite para o championship. Novamente agradecimento ao Simon Nielsen por toda a preparação que tivemos para esse torneio, e me convencer a manter os ranger-captain no deck, ao invés de usar Elite Spellbinder no lugar, entre tantos outros ensinamentos e aprendizados.

Para todo mundo que torceu para mim, meu grupo de Zap, pessoal da HG, meu muito obrigado. Poder jogar um Pro Tour é o sonho de qualquer jogador competitivo, e espero dar o meu melhor nesse torneio e representar bem o Brasil. Foram 16 anos na espera desse momento, e sei o quanto difícil é ter outra oportunidade dessas. Até a próxima!

domingo, 13 de junho de 2010

[Cobertura Classificatório Magic Domain] Primeira Vagas Decididas

Victor Fernandes Silva vence o Polimorph de Márcio por um tenso 2x0 e garante sua vaga no Nacional.

Victor Fernandes Silva vence o Polimorph de Márcio por um tenso 2x0 e garante sua vaga no Nacional.

Com 16 cartas no side, Lucas Giggs perde a segunda partida e, por 2x0, João Slight vence e está no Nacional.

[Cobertura Classificatório Magic Domain] Top 8 Decks

Os finalistas estão jogando de: Jund, Vampiros, Esper, Planinaltas, Polimorph e 3 Mythic Conscription.

Qual deles levará seu dono ao Nacional?

[Cobertura Classificatório Magic Domain] Top 8

Rogério Muniz x Marcio P Almeida

Luciano Luquette x Victor Fernando Silva

Joao Marcos Aquino x Luiz C Mussa Barbera F.

Lucas Hervas x Eduardo Carvalho